terça-feira, 1 de junho de 2010

ALDEIAS TANAJURA, STO ANDRÉ E RIO NEGRO OCAIA

Paacas Novos-RO


Tribo Pacaas-Novos


Localização: A MNTB atua nos postos: Lages, Rio Negro, Santo André, Sotério e Dr. Tanajura. Os postos estão localizados a Oeste do Estado de Rondônia, próximos à cidade de Guajará-mirim, fronteira com a Bolívia. Há 15 aldeias, sendo sete delas grandes centros que são Postos Indígenas da FUNAI. A MNTB tem missionários residentes nas aldeias Lage, Santo André e Ribeirão. Os missionários se responsabilizam por fazer visitas periódicas em todas as outras aldeias, com exceção de Sagarana. (1).

Língua, análise lingüística e traduções: Esta tribo usa a língua Pacaas-Novos, da família Txapakura (2). O português também é usado entre o povo. Em todas as aldeias fala-se a mesma língua, com pequena variação no dialeto. A analise lingüística foi feita por Bárbara Kern (MNTB). Há um dicionário provisório com mais de 3.000 verbetes, 1 Hinário com 128 hinos e coros, 1 livro e 5 livretos de estudos bíblicos; Tradução de lições cronológicas: todas as lições das fases I, II e III.Tradução bíblica: Porções do Velho Testamento, porções dos Evangelhos e todos os outros livros do Novo Testamento. (Obs. Alguns desses livros do Novo Testamento ainda não foram impressos e nem foi feita a verificação) (2).

População:

Há aproximadamente em todas as aldeias 2.952 índios. Na aldeia Lages há aproximadamente 311 índios e em Lages Velho aproximadamente 153. A aldeia Rio Negro foi dividida em três, sendo: Rio Negro Ocaia, com há 407 índios, Ocaia, com 65, e Piranha, com 74 pessoas. Em Santo André há 335 índios, em Bom Futuro 59, em Ribeirão 229, em Sotério 277 índios e em Dr. Tanajura a população atual é de 264 índios (dados coletados em 2005) (3).

Histórico de contato com os demais brasileiros e MNTB: Os índios Pacaas-Novos eram arredios e bravos antes do contato feito pelos missionários da MNTB e funcionários do antigo SPI, hoje FUNAI, em 1956. Hoje em dia são pacíficos (4).


Área Religiosa:

Há aproximadamente 600 a 700 crentes, nas dez igrejas neo-testamentárias. Quanto às outras aldeias, com exceção de Sagarana, que está sob a responsabilidade da igreja católica, há crentes em todas elas que se reúnem para estudos bíblicos. Os líderes das igrejas se encontram duas vezes ao ano para um seminário, a fim de se aprofundarem mais na Palavra de Deus, trocar idéias e coordenar melhor o trabalho. Participam em média, 30 líderes e suas famílias. O ensino bíblico é de responsabilidade dos missionários, mas os próprios pastores indígenas têm contribuído mais para o ensino durante os debates. O crescimento espiritual tem sido visível entre o povo Pacaas-Novos (5).


Missionários que atuam na área:

Valmir e Fátima Barros
Thomas e Claudeliz Ferrel
Maria Teresa Mantovani
Luciene Sacramento
Manfred e Bárbara Kern

Alvos: Tradução de Mateus e I e II TessalonicensesDeixar a liderança da igreja sob a responsabilidade dos indígenas;Fazer visitas periódicas para acompanhamento.Alcançar os índios mais jovens com a Palavra do Senhor;Dar continuidade com o trabalho com as crianças e senhoras;Treinar os crentes indígenas para fazer a E.B.F. com as crianças;Editar as lições do ensino cronológico que estão em andamento;Terminar a tradução dos Evangelhos;Revisar os livros do NT que foram traduzidos há anos;Fazer a retro-tradução dos livros do NT traduzidos recentemente;Terminar o Dicionário.Preparar as igrejas para serem autóctones, para que possam caminhar sozinhas, sem a presença dos missionários, Dar assistências às comunidades vizinhas.Continuar com as visitas periódicas.Alfabetização das mulheres; Continuar o trabalho de E.B.F. no Ribeirão e nos demais postos (geralmente feito por todos os missionários).

Fontes:

1.
Informação Básica/MNTB/2001

2. Banco de Dados da AMTB/2002

3. MNTB - Relatório/Equipe/2005

4. Informação Básica/MNTB/2001

Galeria de Fotos


Mito do Dilúvio da origem da nação Pacaas Novos [Oro Wari']

O Dilúvio

A lenda começa com um grupo de índios conversando ao redor do fogo em certa noite. Faz dias que têm chovido, eles disseram. De repente, o grupo vê uma velha chegando, mancando, escorando todo o seu peso em seu bordão. Ela ajunta-se a eles na beira do fogo. Embora não fossem parentes eles a chamam de vovó. Ela se identificou como o espírito da chuva e que tinha vindo da casa dos seus tios para visitá-los. Ela se esquentou, a beira do fogo, com eles, conversou e depois disse que ia voltar a casa de seus tios. Viram-na desaparecer mato adentro e depois ficaram perplexos com sua visita.
Assim que ela saiu, a chuva apertou bastante. Choveu muito, o rio que passava lá perto, começou a transbordar e invadir as casas, veio peixes em abundancia, o pessoal matava e jogava os peixes no barranco. Uma família viu que a situação estava piorando e sugeriu que todo mundo escapasse subindo nas castanheiras. Os outros não queriam abandonar suas casas e assim somente aquela família afugentou-se nas castanheiras.
Logo perceberam que a inundação era séria. A água começou a provocar erosão por baixo das casas, e estas desabaram. Percebendo que iam morrer, todos pediram socorro para a família que subira nas castanheiras. Pediram que derrubassem um outro pau para fazer uma ponte por onde eles poderiam subir escapar para a segurança das castanheiras.
Depois que o pau foi derrubado no lugar certo, todos subiram para tentar escapar, primeiro a vovó, depois as meninas, e por último os jovens. Mas à medida que chegavam ao cume, escorregavam, caíam na água e transformavam-se em jacarés, botos, lontras e outros animais.
Assim que todos morreram no dilúvio menos a família que se afugentou nas castanheiras. Ficaram ali por um tempo, mas logo ficaram com fome e foram ao mato. Fizeram um acampamento e o pai foi à procura de algo para comerem. Encontrou um mamoeiro, comeu mamão, e pertenceu que o mamoeiro pertencia a alguém. Ele desconfiou que fosse de um inimigo, pondo em perigo as suas vidas, e voltou para sua família para preveni-los que poderiam ser mortos.
Lembrando-se que seus genros tinham perecido no dilúvio, o pai criou um plano para conseguir esposos outra vez para suas filhas. Ele voltou ao mamoeiro, fez um pequeno esconderijo de palha alto do chão, e escondeu-se, aguardando a chegada desses que ele pensava serem seus inimigos. Depois de um dia eles vieram comer mamão. Assustaram-se com o esconderijo, sabendo que tinha alguém escondido, esperando matá-los e assim voltaram às suas casas as pressas para preparar armas para o ataque. O pai das moças os seguiu.
Acontece que eles moravam num lugar fechado, a entrada era num buraco na rocha. O pai deitou-se do lado de fora da rocha e escutava-os preparando os seus arcos, flechas, facões e bordunas para o ataque. Quando vinham outra vez ele pulou na frente deles, mas rapidamente explicou-lhes a sua missão. Devido a uma dificuldade [gaguejar] no falar atraiu a atenção deles quando falou: "mo-mo-morreram afo-afo-gados os esposos das das das mi-mi-nhas filhas". Explicou-lhes que queria trazer-lhes suas filhas para casarem com elas e concordaram.
Voltou à sua família e explicou-lhes tudo o que tinha acontecido, e assegurou-lhes que não havia nada a temer. Eles foram unir-se então ao povo da pedra. Quando chegaram lá, todos os jovens estavam do lado de fora os esperando. Seus pais não podiam sair, pois quando tentaram passar pelo buraquinho na pedra seus ombros não cabiam. Eles, portanto tinham de ficar dentro.
Em seguida as jovens viúvas casaram com os homens do outro grupo, e juntos foram fazer roças, deixando os velhos para trás em casa, roçaram, plantaram milho, e então voltaram à rocha para aguardarem a colheita.
Dados colhidos pela missionária Bárbara Kern em 1964
Informante: Manim, já falecido

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