quarta-feira, 31 de março de 2010

CEARÁ-FORTALEZA-SEDE DA FUNAI - indigenas:

INDÍGENAS no Estado do Cerá, são 22 mil indígenas, 20 Aldeias e 15 Etnias ( Potyguara, Tremembé, Tapeba, kalabaça, Tabajara, Pitaguary, Kariri de Crateús, Kariri de São Benedito e Sobral, Jenipapo -Kanindé, Kanindé de Caninde Kaninde de Aratuba, Gavião, Tubiba Tapuya e Guarany.
Índios brincando no rio.
Cultura Indígena: O esforço das autoridades para manter a diversidade cultural entre os índios pode evitar o desaparecimento de muita coisa interessante. Um quarto de todas as drogas prescritas pela medicina ocidental vem das plantas das florestas, e três quartos foram colhidos a partir de informações de povos indígenas.
Na área da educação, a língua tucana, apesar do pequeno número de palavras, é comparada por lingüistas como a língua grega, por sua riqueza estrutural - possui, por exemplo, doze formas diferentes de conjugar o verbo no passado.
Ritos e Mitos, Pintura Arte: No Brasil, muitas tribos praticam ritos de passagem, que marcam a passagem de um grupo ou indivíduo de uma situação para outra. Estes ritos se ligam a gestação e ao nascimento, à iniciação na vida adulta, ao casamento, à morte e a outras situações.
Poucos povos acreditam na existência de um ser superior (supremo), a maior parte acredita em heróis místicos, muitas vezes em dois gêmeos, responsáveis pela criação de animais, plantas e costumes.
Índia, menina indígena
ARTE:
A arte se mistura a vida cotidiana. A pintura corporal, por exemplo, é um meio de distinguir os grupos em que uma sociedade indígena se divide, como pode ser utilizada como enfeite. A tinta vermelha é extraída do urucum e a azul, quase negro, do jenipapo. Para a cor branca, os índios utilizam o calcário. Os trabalhos feitos com penas e plumas de pássaros constituem a arte plumária indígena.
Alguns índios realizam trabalhos em madeira. A pintura e o desenho indígena estão sempre ligados à cerâmica e à cestaria. Os cestos são comuns em todas as tribos, variando a forma e o tipo de palha de que são feitos. Geralmente, os índios associam a música instrumental ao canto e à dança.
Sobre o ressurgimento de povos indígenas que durante décadas vinham sobrevivendo no anonimato; trata do resgate e da construção social e visual - de sua auto-imagem no processo de ressurgência étnica e de suas relações no âmbito do indigenismo oficial e do movimento indígena. São essas questões que, observadas através do vídeo e da fotografia, nos levam a duas vertentes: uma de efeito do conhecimento antropológico a respeito da problemática indígena contemporânea no Brasil e a outra, no sentido de contribuir para desenvolver capacidades de observar ações (antropológicas) no campo da visualidade. O trabalho visa a observar as relações entre a representação (indígena) e a imagem como um retomo a si mesmo, isto é, de entrever o passado desses povos em imagens do presente e, também, de gerar reações e reflexões sobre as condições históricas e atuais das populações indígenas, em cujo espaço temporal (atual), os indivíduos e suas comunidades compõem sua própria forma de "mostrar-se" ao mundo (como índios) com "novas" especificidades étnicas, que, ao reapropriar-se de sua cultura, re-atualizam sua imagem e, através dela, comunicam sua identidade étnica atual numa tentativa de restaurar, também, sua memória: o que permite, nesta pesquisa, caracterizar o tratamento histórico atribuído aos índios, enquanto que, paralelamente, o registro imagético possibilita, também, construir ou formar arquivos dos índios no Brasil.
AÇÕESQUE PODEM REVERTER O QUADRO HISTÓRICO ATUAL:
Relato do primeiro Indígena a exercer um cargo na Administração pública.
Joel Oro Nao`, indígena da etnia Oro Nao` e originário da aldeia Sotério (RO) foi escolhido aos 42 anos para ocupar o cargo de administrador-regional da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Guajará-Mirim (RO).
Durante 30 anos a função foi exercida por não-índios. "Chegou momento em que liderança indígena não ficou mais satisfeita com administração não-indígena. Sempre teve movimento indígena. Aí o presidente da Funai indicou duas pessoas de confiança dele, e três indígenas participaram da votação. Foi eleita uma liderança indígena", assim Joel explica o modo como foi escolhido administrador.
A eleição do indígena para o cargo aconteceu em 25 de maio deste ano, mas só no começo de outubro foi assinada uma portaria, oficializando seu mandato. "O presidente da Funai me convidou pra ir a Brasília. Passei uma semana com ele. Ele me deu orientação de como fazer com um cargo federal, que é cargo público e trabalha com gente grande", diz Joel.
O novo administrador da Funai em Guajará-Mirim é professor há 20 anos e se diz preparado para exercer a gestão regional da fundação. Hoje, ele vive com a esposa numa aldeia pequena chamada Baia da Coca, na Terra Indígena Rio Guaporé (RO). Confira, a seguir, a entrevista que ele concedeu ao site Amazonia.org.br, em que fala sobre a situação dos índios da região e os projetos que espera realizar enquanto novo chefe regional da Funai.
Segundo o indígena Joe Oro Nao´diz: Porque acredito que os não-indios achavam que a gente não tinha competência, nem responsabilidade para assumir o cargo. Até hoje, eles falam que a gente não é capaz. Mas, hoje tem muito índio estudado, que faz pedagogia ou estuda outras áreas. Eu estudo Pedagogia. Faço licenciatura intercultural, para conhecer mais a tradição indígena. Esse curso que estou fazendo é uma forma de valorizar mais a nossa cultura, para conhecer mais a nossa língua. E é tão importante, porque tem muita etnia em que estão extintas sua língua e sua cultura. Hoje estamos resgatando o que foi perdido e pesquisando com os mais velhos, que estão morrendo. Está na hora de buscarmos esse conhecimento e registrar no papel.
As Terras Indígenas (TIs) de Rondônia estão todas demarcadas. Cada aldeia vive naquele pedaço de terra e o fazendeiro também respeita o território do próximo. Tem um pequeno problema aqui sobre madeireiros e pequenos pescadores nos rios. Mas, tem fiscalização para isso e recursos para fiscalizar área indígena. Tem equipe que fica dez, 20 dias, ou até um mês fazendo rodízio, entrando nas Tis para fiscalizar. Estamos trabalhando em parceria com a polícia florestal ambiental.
Eu sempre fui liderança indígena, e viajava muito, mas nunca sonhei que ia assumir um cargo desses. Tem outras pessoas que poderiam assumir, mas as lideranças indígenas preferem que eu assuma porque eu sou humilde, tenho diálogo com todo mundo, procuro melhorar as coisas e busco saber mais de autoridades, indígenas, deputados, senadores, vereadores e prefeitos. Procuro me envolver com essa turma para entender como funciona a sociedade não-indígena.
Foi gratificante para mim. Ele me deu muita força, deu muito conselho e a palavra segura: "Joel, você é administrador, é reconhecido pela nação. Seu nome tramitou pelo Congresso, parou na Casa Civil. Quem assinou seu decreto foi a Dilma [ministra da Casa Civil, Dilma Roussef], você é autoridade. Os outros funcionários da Funai em Guajará-Mirim são subordinados a você, e você é subordinado a Brasília. Você tem seu assessor de confiança em Guajará, e eu tenho assessor de confiança aqui em Brasília. Você que assina documento e determina tudo o que vocês querem dentro da aldeia".
No começo, a gente sente dificuldade. Quando assumi, senti um pouco, mas tem pessoas com experiência lá dentro que me ajudaram muito. Falaram sobre documentação. Conheci cada setor: de pessoal, assistência social, patrimônio, educação, secretaria. Mas tem vários setores lá dentro, conversei com eles, e eles vão me apoiar e estão apoiando. Tem aqueles que não estão satisfeitos com a minha administração e dizem que não querem ser subordinados a índio. E estou seguindo a ordem do presidente da Funai, que diz que a autoridade máxima lá sou eu. Eu falo para eles: "Mesmo que vocês não queiram que índio assuma, agora um índio assumiu, e vocês têm que aceitar. Se vocês não aceitarem, isso se chama discriminação". Falei duro com eles e disse que não vou tratar ninguém gritando. Falei que temos que fazer união para trabalhar pelo povo indígena. Não é questão de funcionário. O funcionário pode sair amanhã, mas Funai não. A Funai é do índio. Eu sou autoridade e uso esse argumento para eles me respeitarem desde o inicio.
A saúde indígena também não está muito boa. Quero trabalhar em parceria com a Funasa [Fundação Nacional de Saúde], para somar forças. Ficaria dificil se o recurso não viesse diretamente para a Funai. A vantagem é que faço o projeto e quando ele é aprovado, o recurso vem diretamente para a Funai. Então, tem como eu administrar o projeto para ter bom resultado na aldeia. Já sentei com as lideranças indígenas. Meu trabalho vai ser transparente para meu povo. Vou mostrar onde foi gasto e quanto de recurso chegou. Quero mostrar nota fiscal para eles [os índios]. Porque quero trabalhar com ética, com responsabilidade, pra mostrar que índio também é capaz de administrar.

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